Informativo
A relação entre política monetária e instabilidade financeira na economia brasileira é discutida em tese do Programa de Economia Aplicada.
A tese “Política monetária e instabilidade financeira – uma análise para o regime de metas de inflação no Brasil”, de autoria do doutorando Douglas Marcos Ferreira, orientada pelo professor Leonardo Bornacki de Mattos, foi defendida no dia 26 de agosto de 2015 no programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada. As crises financeiras ocorridas a partir da década de 1980 e, principalmente, a crise financeira do subprime, em 2007 e 2008, trouxeram novos desafios para as autoridades monetárias ao colocar em debate se a política monetária deve considerar a estabilidade financeira em paralelo com seu objetivo primordial, que é a busca pela estabilidade de preços. Dessa forma, a tese objetivou investigar se o Banco Central do Brasil reagiu às instabilidades financeiras que atingiram a economia ao longo do regime de metas para inflação, e qual a intensidade dessa reação, caso ela tenha ocorrido. Nesse sentido, inicialmente, o trabalho introduziu uma estimativa ordinal dos estresses financeiros sob a forma de um índice, o Índice de Estresse Financeiro (F.S.I.) que teve como base 6 variáveis do mercado financeiro. As instabilidades nos setores cambial e acionário potencializaram os principais episódios de estresses financeiros que atingiram a economia brasileira, entre julho de 1999 e fevereiro de 2015. Para analisar a resposta da política monetária aos estresses financeiros, estimou-se a função de reação do Banco Central com parâmetros variantes no tempo, a partir do filtro de Kalman. Os resultados mostraram que o Banco Central do Brasil reagiu aos principais cenários financeiramente instáveis elevando a taxa de juros da economia. Dessa forma, além de buscar promover a estabilidade de preços, os resultados encontrados sugerem que a autoridade monetária também buscou alcançar a estabilidade financeira da economia. Em relação aos demais parâmetros da política monetária estimados, os resultados sugeriram que a condução da política monetária brasileira foi caracterizada pela resposta da taxa de juros ao desvio das expectativas da meta estabelecida, a qual seguiu o “princípio de Taylor”, em grande parte do período analisado. Ademais, observou-se um comportamento de ajuste gradual da taxa Selic, como observado pelo elevado grau de persistência da taxa de juros de períodos anteriores.
Fonte: Douglas Marcos Ferreira