Informativo
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada defende tese intitulada “Choques e questões de gênero: perspectivas sobre indicadores educacionais e econômicos brasileiros”.
A estudante Ana Cecília de Almeida defendeu sua tese de doutorado em Economia Aplicada intitulada ““Choques e questões de gênero: perspectivas sobre indicadores educacionais e econômicos brasileiros”, no dia 15 de julho de 2020. A pesquisa foi realizada pela estudante no Departamento de Economia Rural (DER) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A banca examinadora foi composta pela orientadora Lorena Vieira Costa Lelis (DER-UFV) e pelos professores Maria Micheliana da Costa Silva (DER-UFV), Fernanda Maria de Almeida (DAD-UFV), Ana Paula de Andrade Verona (FCE-DPTO DEMOGRAFIA-UFMG) e Vinícius de Araújo Mendes (DE-UFBA).
A tese foi composta de dois artigos sobre choques e questões de gênero, com ênfase em indicadores educacionais e econômicos brasileiros. No primeiro artigo, o interesse recaí sobre o efeito de um choque econômico sobre indicadores educacionais dos adolescentes de diferentes sexos. Esse choque se deu pela entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001 que levou a uma redução dos salários médios, em especial dos homens, fazendo com que esse evento seja considerado como um choque negativo de renda na economia e nas famílias brasileiras. Para estimar esse impacto, valeu-se da estratégia de comparar microrregiões mais e menos afetadas por esse choque chinês antes e depois da entrada da China na OMC. Além disso, verificou se setores e microrregiões mais intensivos em mão de obra feminina afetam de maneira adversa a educação dos adolescentes em comparação a setores e microrregiões que empregam em predominância homens. A maioria dos resultados apontam para uma melhora nos indicadores educacionais de ambos os sexos, sendo esse efeito igual ou em maior magnitude para as meninas.
O segundo artigo, se baseia no efeito de um choque demográfico sobre a situação econômica das mulheres brasileiras. Como choque demográfico considerou-se aqui o divórcio. A explicação disso está no fato da recorrência desse evento nas famílias brasileiras, principalmente após 2010 quando várias mudanças na Lei do Divórcio foram executadas, facilitando a conclusão do processo. Ademais, a dissolução matrimonial modifica a estrutura da família podendo trazer mudanças no bem-estar, na qualidade de vida e em variáveis econômicas dos membros da família. Entre os resultados, destaca-se que não há um efeito do divórcio como choque demográfico sobre a situação econômica da mulher o que pode ser um resultado, assim como uma consequência, do aumento do poder de barganha da mulher no domicílio e do seu empoderamento nos últimos anos.
Por meio dos resultados encontrados nesta tese, verifica-se maior resiliência das mulheres perante a choques de diferentes características, que pode ser causa e consequência do empoderamento feminino. Embora represente um avanço, ainda se faz necessário destacar a importância de ações que reduzam as desigualdades entre os sexos e que empoderem as mulheres para que esses resultados se perpetuem e para que sejam verdadeiros também para outros tipos de choques. Ademais, mesmo que os resultados apontem para uma redução das desigualdades entre os sexos, ainda há muito a percorrer, salientando que a igualdade de gênero além de ser um direito humano básico, pode ajudar a promover o desenvolvimento de uma nação.