Informativo

Estudante do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada defende tese intitulada “Ensaios sobre a presença da renda com o trabalho off-farm nos estabelecimentos agropecuários brasileiros”.

A tese intitulada “Ensaios sobre a presença da renda com o trabalho off-farm nos estabelecimentos agropecuários brasileiros” de autoria da discente Rosimere Miranda Fortini, orientada pelo professor Marcelo José Braga e coorientada pelos professores Carlos Otávio de Freitas e Felipe de Figueiredo Silva, foi defendida no dia 30 de junho de 2023 no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada, do Departamento de Economia Rural (DER) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A banca examinadora foi composta pelos seguintes membros: Marcelo José Braga (Presidente), Carlos Otávio de Freitas (UFRJ), Cícero Augusto Silveira Braga (Banco Mundial), Mateus de Carvalho Reis Neves (UFV) e Mateus Pereira Lavorato (UFOP).

A pesquisa analisou a presença da renda com o trabalho off-farm nos estabelecimentos rurais brasileiros por meio dos dados do Censo Agropecuário (CA) de 2017 e foi dividida em dois ensaios. No primeiro, foram reunidas e estruturadas as dispersas descobertas dos estudos sobre as diferentes conceituações, denominações e unidades de análise relacionadas às diversificações das ocupações dos produtores rurais. Constatou-se que a pluriatividade é um fenômeno que engloba diferentes estratégias de diversificação da ocupação (cada qual sendo representada por um termo) que variam em relação ao espaço, setor e função. Por esse motivo, é importante detalhar o tipo de estratégia que está, de fato, sendo analisada e evitar usar os diferentes termos como sinônimos. Ademais, não se pode esperar que todas as estratégias sejam motivadas pelos mesmos fatores e tenham impactos previsíveis e semelhantes. Ainda foi possível compreender onde se encaixa a análise da renda obtida com o trabalho off-farm pelas pessoas responsáveis e/ou seus cônjuges ao usar os dados do CA na discussão conceitual do “part-time farming” ao “pluriactivité” e ao realizar a caracterização desses estabelecimentos. De modo geral, foram extraídas informações que podem contribuir para os debates acadêmicos e nortear as futuras pesquisas sobre a temática.

No segundo ensaio, foi analisado se a maior presença de estabelecimentos com renda obtida com o trabalho off-farm nos municípios brasileiros estava ligada às perspectivas “push” (refere-se a necessidade de sobrevivência devido à pressão em gerir os riscos do rendimento agropecuário resultante de um choque climático extremo, baixa qualidade da terra, quebra de safra, falhas nos mercados de insumos e de crédito, etc.) ou “pull” (são as oportunidades relacionadas à atração devido, por exemplo, às chances de emprego no mercado de trabalho local dado o crescimento das indústrias intensivas em mão de obra além do setor de serviços no meio urbano). A referida análise foi realizada para cada região do Brasil e para as tipologias: agricultura familiar e não familiar. As descobertas encontradas por meio dos resultados sugerem que as hipóteses propostas inicialmente podem ser, em partes, corroboradas, tendo em vista que as diferentes regiões têm diferentes fatores, na perspectiva pull e push, que influenciam as decisões dos produtores rurais e/ou os seus cônjuges em exercerem o trabalho off-farm e estas diferenças também se estendem às tipologias. De modo geral, há indícios de que na região Sul a maior presença desses estabelecimentos está associada aos fatores na perspectiva pull, para a agricultura familiar e não familiar, podendo ser uma estratégia relacionada a acumulação de renda. Por outro lado, nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste há um misto de fatores push e pull para ambas as tipologias. Ademais, os municípios do Sudeste, Nordeste e Norte têm maiores probabilidades de serem intensivos em estabelecimentos com trabalho off-farm na presença de choques climáticos. Na região Centro-Oeste, além das regiões supracitadas, a agricultura familiar também obteve um resultado semelhante.

Diante destas evidências empíricas, constata-se que a estratégia de diversificação da renda relacionada ao trabalho off-farm não pode ser considerada um fenômeno associado apenas a agricultores familiares ou a locais em que as economias são mais dinâmicas e modernas. A incidência em áreas com diferentes contextos socioeconômicos e ambientais sustentam o argumento de que o trabalho off-farm faz parte das mudanças em todas as estruturas agrárias. Ao mesmo tempo isto se torna desafiador para o desenho de políticas brasileiras voltadas para o setor, assim como aquelas que estão vigentes, uma vez que um percentual de produtores que optam pela diversificação da ocupação com o trabalho off-farm, por vezes, são limitados de acessarem programas de créditos a exemplo do PRONAF. Portanto, o trabalho off-farm precisa ser cautelosamente pautado (não necessariamente estimulado) no desenho das políticas de desenvolvimento rural no Brasil além de considerar as suas especificidades em cada região.


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