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Estudante do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada defende tese intitulada “O adiamento da maternidade e o trabalho doméstico influenciam o rendimento das mulheres no mercado de trabalho brasileiro? Uma análise para o período de 2016-2019”.

A tese intitulada “O adiamento da maternidade e o trabalho doméstico influenciam o rendimento das mulheres no mercado de trabalho brasileiro? Uma análise para o período de 2016-2019” de autoria da discente Ana Beatriz Pereira Sette, orientada pelo professor Alexandre Bragança Coelho e coorientada pela professora Maria Micheliana da Costa Silva, foi defendida no dia 13 de junho de 2022 no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada, do Departamento de Economia Rural (DER) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A banca examinadora foi composta pelos seguintes membros: Alexandre Bragança Coelho (Presidente), Maria Micheliana da Costa Silva (UFV), Viviani Silva Lírio (UFV), Jader Fernandes Cirino (UFV), Regina Carla Madalozzo (Moura Madalozzo C. E).

A pesquisa analisou se o adiamento da maternidade e o trabalho doméstico influenciam o rendimento das mulheres no mercado de trabalho. Para isso, utilizou-se dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2016-2019, de onde se obteve a informação de “quem faz o quê” dentro do domicílio. No primeiro ensaio, especificamente, o objetivo foi verificar se há um prêmio para as mulheres que adiam a maternidade para além dos trinta e cinco anos, em termos de rendimento, em relação àquelas que tiveram filhos entre dezoito e trinta e cinco anos. Os resultados mostraram que adiar a maternidade leva a maiores rendimentos para as mães que estão no quantil de renda mais baixo. A partir da decomposição de rendimentos, verificou-se a existência de um diferencial em termos de rendimentos entre as mulheres que tiveram filho mais cedo e aquelas que adiaram a maternidade, e que esse é a favor das segundas. Além disso, essa diferença em termos de rendimento é mais expressiva no quantil de renda mais alta. No 90º quantil, o rendimento das mães que tiveram o primeiro filho antes dos 35 anos chega a ser 2,7 vezes menor que o das mães que adiaram a maternidade.

Posteriormente, no segundo ensaio, verificou-se o efeito do trabalho doméstico sobre o rendimento de homens e mulheres, e sua contribuição para explicar o gap de rendimentos. Os resultados indicaram que os afazeres domésticos são importantes para explicar o rendimento de homens e mulheres. Ao considerá-los nas equações de rendimento, notaram-se mudanças no poder explicativo de variáveis importantes, como a escolaridade, idade, composição da família, e tipo de arranjo familiar. Em relação às categorias de afazeres domésticos analisadas, verificou-se que a periodicidade de sua realização e o esforço demandado afetam de forma diferente os rendimentos de homens e mulheres no mercado de trabalho. A partir da decomposição de rendimentos de Oaxaca-Blinder, verificou-se a existência um gap em termos de rendimentos entre homens e mulheres, e que esse é a favor dos homens.

Portanto, os resultados alcançados sugerem que o adiamento da maternidade e o trabalho doméstico influenciam o rendimento das mulheres no mercado brasileiro. Elas acabam sendo duplamente penalizadas, pela maternidade e pela carga excessiva de afazeres domésticos. Desse modo, o adiamento da maternidade pode contribuir para a redução da penalidade da maternidade sobre o rendimento das mães. Além disso, uma maior equidade nas divisões do trabalho doméstico pode levar a uma redução no diferencial de rendimentos entre homens e mulheres. Esses resultados também são importantes para a sociedade como um todo, pois sinalizam a necessidade de uma mudança de valores, no sentido de desvincular o trabalho doméstico e o cuidado das crianças de ser uma tarefa exclusivamente feminina.

Legenda (da esquerda para a direta): Alexandre Bragança Coelho; Maria Micheliana da Costa Silva; Ana Beatriz Pereira Sette; Regina Carla Madalozzo (vídeoconferência); Viviani Silva Lírio; Jader Fernandes Cirino.


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