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Tese produzida no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada recebe menção honrosa no prêmio Edson Potsch Magalhães, da SOBER.

A tese de doutorado “Essays on Work Diversification and Inequalities in Rural Brazil ”, defendida pelo discente Cícero Augusto Silveira Braga, sob a orientação da professora Lorena Vieira Costa Lelis, recebeu menção honrosa na disputa pelo Prêmio Edson Potsch Magalhães, concedido pela Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER) à melhor tese de Doutorado em Economia Rural.

O trabalho se dedicou em estudar a diversificação do trabalho agrícola e seus efeitos sob desigualdades em domicílios rurais brasileiros. Especificamente, estuda o trabalho não agrícola, ou seja, aquelas ocupações que não são categorizadas dentro do espectro de atividades agropecuárias; também estuda as relações do trabalho fora da fazenda, ou off-farm, caracterizado pelas atividades que não são realizadas em estabelecimentos agrícolas. No primeiro capítulo, objetiva-se analisar como os trabalhos e as rendas não agrícolas afetam a concentração de renda nos domicílios brasileiros. Para isso, utiliza-se dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2019 para os domicílios rurais.

A análise da concentração de renda é obtida a partir de uma análise quantílica incondicional, que permite observar, a partir de diferentes formas funcionais, os efeitos do trabalho não agrícola ao longo da distribuição de rendas domiciliares. Complementarmente, estima-se estes efeitos no Índice de Gini e constrói-se a Curva de Lorenz no intuito de observar a distribuição das desigualdades das rendas agrícolas e não agrícolas no rural brasileiro. Finalmente, estima-se um modelo probabilístico ordenado para analisar os efeitos do trabalho não agrícola sobre as classes sociais observadas a partir de uma adaptação do Critério Classificação Econômica Brasil (CCEB).

Os resultados mostram que, de fato, o trabalho e as rendas não agrícolas estão associados a um aumento da renda domiciliar per capita, sobretudo para os mais pobres. Confirma-se, portanto, um efeito de redução das desigualdades a partir desta prática de diversificação. Não somente, os resultados chamam atenção para observar atentamente as particularidades que levam os indivíduos a participarem de atividades não agrícolas.

Posteriormente, no segundo capítulo, analisa-se os efeitos do trabalho off-farm, ou seja, aquele realizado fora dos estabelecimentos agrícolas sobre o uso do tempo nos domicílios rurais do Brasil a partir de uma perspectiva de gênero. Seguindo os pressupostos da Economia Feminista, o trabalho utiliza dos dados da PNAD entre 2002 e 2015 para controlar efeitos locais e temporais. Complementarmente, para estabelecer efeitos causais, utiliza-se das anomalias climáticas em temperatura e precipitação sob a abordagem de variáveis instrumentais. As estimações consideram os domicílios formados por casais heterossexuais e os efeitos são observados a partir da diferença de horas alocadas entre esposas e maridos para as atividades domésticas, a razão entre elas e também o índice de dissimilaridade.

Os resultados mostram que o trabalho off-farm é responsável por suavizar as disparidades de gênero nos domicílios brasileiros, reforçando como mecanismos de quebra de paradigmas e estruturas sociais são importantes para estabelecer novas relações que potencializam a equidade de gênero. Não somente, lança luz para a importância do trabalho doméstico nos domicílios brasileiros e de como as desigualdades de gênero ainda perpetuam. De maneira geral, a tese contribui teórica e metodologicamente para entender relações empíricas que surgem com as mudanças econômicas e sociais no meio rural brasileiro. Reforça-se as diferentes particularidades e potencialidades das estratégias e demandas individuais na busca por uma melhoria no bem-estar.


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